O vereador Valter Brito, do PSDB, pré-candidato a prefeito de Amambai, cidade sul-mato-grossense, sofreu infarto cardíaco, dentro da prisão, em Campo Grande e está internado no hospital da Cassems.
Brito foi detido dia 16 do mês passado, 25 dias atrás, no âmbito da Laços Ocultos, operação conduzida pelo Gaeco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção.
O vereador, que pediu afastamento do mandato depois da investida policial, segundo investigadores do caso, estaria envolvido com uma organização criminosa que atua, principalmente, em Amambai e é voltada à prática de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos públicos e lavagem de dinheiro.
SAÚDE DO PARLAMENTAR
De acordo com a assessoria de imprensa do parlamentar, ele estava detido no “Centro de Triagem Anísio Lima, situado em Campo Grande. Devido suas condições de saúde, Brito teve de ser levado imediatamente à UPA (Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Tiradentes)”.
Depois disso, segue a assessoria, “após os primeiros cuidados médicos, notou-se que o político estava sofrendo de um infarto e então o transferiram para o CTI (Centro de Terapia Intensivo) do hospital da Cassems.
A assessoria informou também que “a última informação recebida é de que Valter seria submetido nesta segunda-feira, 11 de dezembro, ao procedimento médico conhecido como uma Angioplastia Coronária [tratamento não cirúrgico das obstruções das artérias coronárias por meio de cateter balão, com o objetivo de aumentar o fluxo de sangue para o coração]”.
O vereador já havia sofrido infarto antes. Em 2021, ele também foi internado por ter contraído a Covid-19.
OPERAÇÃO
O vereador afastado e pré-candidato a prefeito Valter Brito foi alvo da operação que atingiu um segundo vereador, quatro secretários municipais, servidores públicos e empresários de Amambai, Campo Grande, Bela Vista, Naviraí e Itajaí, em Santa Catarina.
Ao todo, na ação foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva, entre os quais o de Valter Brito, e 44 mandados de busca e apreensão. O vereador também é dono da Construtora Silva, empresa especializada em asfalto.
A investigação apura justamente fraudes em licitações públicas que têm como objeto a contratação de obras e serviços de engenharia em Amambai e outros municípios, que estariam sendo tocadas por empresas ligadas a familiares dos implicados, com sócios até então ocultos.
Nos últimos seis anos, o grupo teria conseguido uma série de contratos, que superam a cifra de R$ 78 milhões.
A investigação começou na 1ª Promotoria de Justiça de Amambai e foi desdobrada pelo Gecoc, braço do MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul).
Durante a operação, os prédios da prefeitura de Amambai e da Câmara Municipal da cidade estavam fechados. Uma funcionária relatou ao jornal que chegou para trabalhar, mas não pôde entrar, em virtude da ação.
O MPMS também aponta que perícias de engenharia em obras vistoriadas presencialmente pelo corpo técnico detectaram superfaturamento e inexecução parcial.
Uma análise realizada pelo MPMS também identificou “pagamento de propina das empresas integrantes do grupo criminoso em benefício de agentes políticos e servidores públicos municipais responsáveis pela fiscalização das obras”.
Apesar de o vereador Valter Brito ser ex-líder do prefeito da cidade, Edinaldo Luiz de Melo Bandeira (PSDB), ainda não há informações se o prefeito estaria ligado ao esquema, uma vez que não foi alvo das buscas.
Entre os itens apreendidos pelo MPMS durante a Laços Ocultos havia uma quantia em dinheiro vivo, que estava com um dos investigados na ação, cujo nome não foi divulgado.
Segundo comunicado da Câmara Municipal de Amambai, apenas o gabinete de Valter Brito foi alvo da operação.