Enquanto o sol alaranjado é inibido pela fumaça densa das queimadas, outro cenário assusta: a seca severa no Rio Paraguai, no trecho do Porto Geral, em Corumbá na manhã deste sábado (7).
A situação é surpreendente para quem vive há mais de 50 anos no Pantanal, como o engenheiro agrônomo Miguel Roberto Mansur Bumlai, que registrou a calamidade no ponto turístico da Cidade Branca.
Miguel detalha a secura às margens do rio, que costumava ter cerca de dois metros até a barreira do porto. Do muro do Porto ao trecho da baixa, o morador caminhou por cerca de 80 metros.
“No Dia da Pátria, a condição do Rio Paraguai é crítica. Nesses 50 anos que moro em Corumbá, nunca tinha visto uma situação dessas. Além da seca, a sujeira é imensa. Se não chover nas cabeceiras, não sei o que vai acontecer. É muito triste ver isso, e o povo ainda é mal-educado, deixando sujeira e sem consciência.”
Há diversas latas e garrafas de cerveja abandonadas às margens do rio, além de sacolas plásticas. Também é possível notar as barcas mais distantes, diante do risco de encalhar pelo nível baixo da água.
Segundo dados do SGB (Serviço Geológico do Brasil), a principal bacia hidrográfica do Pantanal está secando. Das 21 réguas que medem o nível do rio em Mato Grosso do Sul, 18 estão com níveis abaixo do esperado para o período.
Em Ladário, a régua indicou -25 centímetros na sexta-feira (6). Geralmente, a marca é de 3,53 metros. As réguas de Porto Esperança e do Forte Coimbra, em Corumbá, também estão em níveis negativos, com -93 cm e -150 cm, respectivamente.
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