Os incêndios estão devastando o Chaco, bioma de cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados que se estende no Paraguai, Bolívia e pequena parte de Mato Grosso do Sul. O fogo ocorre principalmente na área paraguaia da planície, considerada a maior floresta tropical seca da América do Sul.
Formado principalmente por fazendas, áreas de preservação e povos nativos, o Chaco tem baixa densidade populacional. Os poucos moradores da região relatam “filme de terror” causado pelos incêndios e reclamam do pequeno número de equipes trabalhando no combate às chamas. Na língua nativa, Chaco significa “território de caça”.
Morador de Mariscal Estigarribia – povoado a 270 km de Porto Murtinho (MS) - René Alfonso disse ao jornal ABC Color que há região passa por estiagem histórica e agora os incêndios estão se espalhando de forma assustadora.
“Estamos vivendo um filme de terror. Os incêndios estão mais ao norte, na fronteira com a Bolívia, mas a fumaça cobre a cidade trazida por fortes ventos”, afirmou Alfonso. Segundo ele, a fumaça é tão intensa que os moradores do povoado de 15 mil habitantes passam a maior parte do dia trancados em casa, saindo apenas em casos extremamente necessários.
O pecuarista Egon Neufeld, proprietário de uma fazenda de criação de bois no Chaco, reclamou do pequeno número de brigadistas em uma das áreas afetadas pelo fogo.
“No flanco leste há uma equipe forte, com pelo menos 60 brigadistas, mas no flanco oeste, onde ficam nossas propriedades, o número é bem reduzido, são em torno de dez bombeiros. Tem uma fazenda mais exposta e estamos trabalhando para proteger”, afirmou.
Bombeiros paraguaios lutam para impedir que as chamas cheguem ao Chevoreca, onde existem propriedades rurais, muitas delas pertencentes a brasileiros, e áreas de preservação ambiental.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários do Paraguai, pelo menos 70 mil hectares do Chaco já foram devastados pelo fogo. O Ministério do Meio Ambiente daquele país abriu investigação para apurar a origem do fogo. Há suspeita de que o incêndio tenha sido iniciado na fazenda de um brasileiro, que promovia a chamada “queimada controlada”.
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