O avanço de uma nova frente fria aliado a alta concentração de fumaça gerada pelos incêndios florestais ocasionou um fenômeno um tanto inusitado. Chamada de ‘chuva preta’, o fenômeno, que combina precipitação de água com fuligem, chegou a quatro países da América do Sul e deve chegar em Mato Grosso do Sul neste sábado (14).
Conforme informações da MetSul Meteorologia, a chuva preta foi identificada em dois países que fazem fronteira com MS, Bolívia e Paraguai, além da Argentina.
Além disso, nas últimas horas houve o registro do fenômeno em cidades do interior do Rio Grande do Sul. A situação ocorre devido ao deslocamento do sistema frontal pelas latitudes médias da América do Sul que estavam cobertas por densa fumaça de queimadas.
Meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinicius Sperling, explica que a condição deve se repetir em Mato Grosso do Sul, uma vez que a fumaça é a mesma que têm gerado o fenômeno nas demais regiões da América do Sul
“A escala da fumaça é a mesma e têm proporções gigantescas. Se confirmar a chuva no sábado ou domingo pode ter chuva escura/preta sim, em Mato Grosso do Sul”, diz.
Além de Mato Grosso do Sul, o fenômeno deve chegar aos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Ainda conforme Sperling, não necessariamente é preciso ser uma chuva volumosa para ter registro do fenômeno conhecido como “chuva preta” em Mato Grosso do Sul.
“Qualquer tipo de chuva, ao cair, já vai coletar essas partículas de poeira e fumaça. O mais importante é ter a chuva, se ela confirmar, tem grande chance de chuva escura”.
O meteorologista explica que há um cobertor de fumaça sobre o Estado, devido as queimadas, poluição e poeira. As nuvens ficam acima dessa cortina, consequente, a queda da chuva também. Quando começa a chover, as gotas passam pela camada de fumaça e acabam “colhendo” essa fuligem.
“Tem outros fatores também. A atmosfera está muito carregada de material particulado, poeira em suspensão, fuligem das queimadas. A seca prolongada também deixa partículas sólidas de poeira em suspensão na atmosfera, mas, claro, que a chuva preta está mais associada à fuligem das queimadas, mas também essa questão da poeira também coletada nessas primeiras chuvas, após o período prolongado de seca e queimados”, descreve.
“No que se refere ao prejuízo em relação à chuva preta, vamos pensar assim: a atmosfera está muito carregada, muito poluída e esses materiais, essas micropartículas, principalmente a menor que 2,5 mícrons, que é bem prejudicial para nossa saúde, pode ser limpa com a chuva. A chuva vem e dá uma limpada na atmosfera momentânea, pode durar um dia ou dois. Tem muita queimada em todos os biomas do país, recordes para tudo que é lado. A gente não consegue determinar o fim dessa fumaça, está bem difícil pensar nisso”.
Há um lado bom e ruim na chegada da chuva e, consequentemente, a chuva preta. Na mesma medida que a chuva limpa a atmosfera poluída, o ar fica mais salubre para respirar. Assim, quando a chuva poluída cai, deve atingir os “corpos de área”, por exemplo, rios ou córregos e o solo.
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