Viver – ou sobreviver – em Porto Murtinho, cidade a 438,4 km de Campo Grande, tem sido uma tarefa desafiadora para as 12.859 pessoas que lá residem. É que há dez dias, o município tem se destacado como o mais quente do país, tornando-se uma verdadeira sauna urbana, difícil de aturar.
E para driblar as temperaturas, que nesta sexta-feira (17) devem ultrapassar os 40 °C, moradores, e até pets, têm buscado alternativas, quase que desesperadas, para aliviar os sintomas. Toninho Ruiz, por exemplo, é morador de Porto Murtinho e afirma que a única maneira possível de sair de casa é utilizando um casaco térmico.
Mas, se já é difícil para os humanos, que podem recorrer ao ar-condicionado, alimentos frescos, água gelada e ventilador, imagina para os pets! É por isso que muitos tutores de Porto Murtinho têm buscado maneiras de contornar o calor extremo para cães e gatos, seja os de sua casa, seja os animais de rua.
Helton Benites, de 38 anos, e seu cachorro, Negão, precisaram adaptar a rotina de passeios. Agora, os dois aguardam o “cair do dia” e só saem de casa quando o asfalto já está fresco, para que o pet não queime as patinhas. Aproveitando das belezas naturais que a região oferece, o passeio sempre termina às margens do Rio Paraguai.
“Levo ele até lá, a gente dá uma caminhada e solto ele. É espontâneo! Assim que solto, ele se joga no rio e toma banho até se sentir bem refrescado. Moro 1 km, mais ou menos, da margem do Rio, então isso se tornou rotina”, conta.
Conforme Helton, moradores que não conseguem levar os animais para um banho refrescante no Rio apelam para banhos de mangueira e gelos na água.
“Estes são os cuidados que as pessoas que gostam de seus pets têm para tentar amenizar a questão da temperatura em Porto Mortinho. Aqui tem feito muito calor, muito calor mesmo. Se a gente sente, imagina eles, com todos esses pelos”, acrescenta.
Em Porto Murtinho, ficar do lado de fora de casa, no quintal, é impossível. Isso vale para humanos e pets. Por isso, na casa do fisioterapeuta Matheus Milciades, de 27 anos, os pets também têm o direito de ficar dentro de casa usufruindo da temperatura gelada do ar-condicionado.
“Eles ficam em casa o dia todo. A gente não tem a rotina de levar eles no rio para nadar, até porque moramos mais longe. Como minha cachorra é obesa, não caminhamos longa distância com ela. Então, é o que podemos fazer. Quando estamos em casa, eles ficam no quarto, principalmente por volta do meio-dia”, explica.
Segundo o fisioterapeuta, além do ar-condicionado, ele também deixa dois ventiladores disponíveis para os animais se refrescarem ao longo do dia.
Um vídeo enviado ao Jornal Midiamax mostra dois cachorros correndo atrás de um caminhão-pipa, brincando e se refrescando com a água que cai do veículo. As imagens podem ser conferidas abaixo. O flagrante inusitado foi feito por um motorista que passava no local. “Olha a alegria dos caramelhos em Porto Murtinho”, brinca o rapaz.
Conforme a cozinheira Nivia Giselle Ruiz, de 44 anos, é comum ver os tutores levando seus pets para tomar banho no Rio. Conforme a moradora, sempre presencia sua mãe deixando recipientes com água bem gelada para os animais. “Fico observando eles se refrescarem”, conta.
Na quinta-feira (17), o município de Porto Murtinho, na fronteira com o Paraguai, completou 10 dias como a cidade mais quente do país. A temperatura máxima chegou a 41,1 °C, quase três graus acima da segunda colocada.
Conforme ranking do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), das 10 cidades mais quentes do país, seis são do Mato Grosso do Sul. Aquidauana ficou em segundo lugar com 38,3 °C e Corumbá em 4° com 37,6 °C. Amambai, Nhumirim (Pantanal) e Juti integram o ranking das dez mais quentes do país, com temperaturas entre 36 °C e 37 °C.