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Porto Murtinho e outras cidades de MS são investigadas sobre destino de emendas pix

Na modalidade batizada de Pix, o repasse das emendas individuais acontece com dispensa de vários critérios técnicos. Os valores são transferidos diretamente para o caixa de prefeituras ou Estados, sem a necessidade de apresentação de projeto, justificativa ou indicação de onde o montante será aplicado.

Redação
Por: Redação Fonte: Fernanda Palheta.
29/01/2025 às 15h06 Atualizada em 29/01/2025 às 15h18
Porto Murtinho e outras cidades de MS são investigadas sobre destino de emendas pix
Plenário da Câmara dos Deputados durante discussão e votação de projetos (Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Em Mato Grosso do Sul, Campo Grande e outras 18 cidades do Estado entraram na mira do MPF (Ministério Público Federal) por receberem emendas individuais impositivas e de transferências especiais, as chamadas emendas Pix. A fiscalização foi instaurada pelo procurador da república, Luiz Gustavo Mantovani em outubro do ano passado.

A medida faz parte de uma força-tarefa que a Câmara de Combate à Corrupção do órgão iniciou em 2024 para acompanhar, a nível nacional, a aplicação do recurso, hoje sem rastreabilidade. Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, mais de 400 municípios e três estados estão sendo monitorados.

De acordo com a portaria sul-mato-grossense, além do Governo do Estado e da Prefeitura da Capital, os municípios de Anastácio, Aquidauana, Bandeirantes, Bodoquena, Bonito, Camapuã, Corguinho, Dois Irmãos do Buriti, Figueirão, Jaraguari, Miranda, Nioaque, Paraíso das Águas, Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo, Rochedo, Sidrolândia e Terenos, deveriam informar se receberam valores destinados por emendas Pix ou não.

Os municípios que receberam investimentos dos deputados federais e senadores, deveriam fornecer os dados das contas bancárias abertas para movimentação de tais recursos, informar o valor total recebido e onde os recursos foram ou serão utilizados.

O governador e prefeitos ainda receberam a recomendação de que deverão comprovar o seu cumprimento ao MPF até o último dia do ano na plataforma do Transferegov.br, ou apresentar as razões para a recusa. Apesar do prazo de dois meses, o procedimento administrativo tem validade de um ano e a fiscalização segue em 2025.

Na justificativa, Mantovani aponta que a alocação de recursos federais por meio de emendas impositivas na lei orçamentária contraria preceitos constitucionais, o princípio democrático e a soberania popular.

“As ‘emendas Pix’ reduzem a capacidade de controle da aplicação de verbas federais e, uma vez que são desprovidas das ferramentas de fiscalização constitucionais, arriscam a se convolar em instrumento deturpador das práticas republicanas de relacionamento entre agentes públicos, propiciando o proveito de interesses distintos dos que a atividade política deve buscar”, disse na portaria.

Alvo – As emendas Pix já se tornaram de alvo de fiscalização de outros órgãos. Em setembro, o Governo do Estado, Campo Grande e Três Lagoas foram acionados para prestar contas à CGU (Controladoria-Geral da União) sobre R$ 285 milhões recebidos por meio de emendas individuais impositivas e de transferências especiais, as chamadas emendas Pix. Os três estão na lista da auditoria da União, pois aparecem no ranking dos Estados e municípios que mais receberam recursos de parlamentares, mas sem a devida transparência entre 2020 e 2024.

Segundo dados do Portal da Transparência da CGU, o Estado foi a entidade sul-mato-grossense que mais recebeu recurso por emenda Pix, somando R$ 260.068.358,00 em todo o período, sendo R$ 2 milhões em 2020; R$ 27 milhões em 2021; R$ 35 milhões em 2022; R$ 120 milhões em 2023 e R$ 74 milhões nos primeiros nove meses de 2024. Na sequência está Campo Grande, com R$13.859.519,00 e Três Lagoas, que recebeu R$ 11.733.241,00.

Sem transparência - Na modalidade batizada de Pix, o repasse das emendas individuais acontece com dispensa de vários critérios técnicos. Os valores são transferidos diretamente para o caixa de prefeituras ou Estados, sem a necessidade de apresentação de projeto, justificativa ou indicação de onde o montante será aplicado.

O mecanismo, criado em 2019, por meio de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), abre as portas para possíveis desvios e ineficiência no uso de recursos públicos, uma vez que não há exigência de projetos prévios ou convênios para a liberação do dinheiro. A prática passou a ser barrada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que tem tomado decisões para exigir mudanças nas regras de emendas.

*Colaborou Silvia Frias 

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