A Fazenda B dos C, localizada na região rural de Porto Murtinho (MS), se tornou alvo de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS). O motivo: o resgate de sete trabalhadores, incluindo dois adolescentes, em situação que o órgão classificou como “análoga à escravidão”. Os fatos vieram à tona após uma operação realizada em abril deste ano.
O Ministério Público pede que a fazenda seja expropriada, ou seja, destinada à reforma agrária, sem pagamento de indenização aos atuais donos.
A proposta é que a área seja usada para fins sociais. O MPT também solicitou o pagamento de R$ 8,9 milhões por danos morais coletivos. Caso a expropriação não aconteça, o valor solicitado aumenta para R$ 67 milhões. Parte dessa quantia, segundo o órgão, seria revertida para projetos sociais.
A Justiça ainda não decidiu sobre o caso, e não há condenações. A ação ainda está em fase inicial e os responsáveis pela propriedade terão a chance de apresentar sua defesa.
Falta de jovens no campo - Um ponto levantado, de forma paralela ao caso, é a dificuldade crescente em encontrar mão de obra qualificada no campo. O uso de adolescentes nas atividades rurais foi citado pelo MPT como uma das irregularidades, mas há um debate antigo sobre o tema. Muitos profissionais experientes do setor começaram a trabalhar ainda jovens e afirmam que, hoje, com as restrições legais, esse conhecimento prático tem se perdido.
Segundo produtores da região, há uma preocupação com o futuro da produção rural, justamente por causa da dificuldade de formar novos trabalhadores com conhecimento das tarefas no campo. O uso de força de trabalho adolescente, no entanto, é regulado por lei e deve seguir critérios rígidos, o que tem criado entraves para muitos empreendimentos agrícolas.
Responsabilidade produtiva - Apesar do processo judicial, a fazenda segue em atividade e, até o momento, não há impedimentos legais para suas operações. A propriedade faz parte de um setor importante para a economia local, contribuindo para a geração de empregos e renda na região.
A acusação do Ministério Público é grave, mas ainda será analisada pela Justiça. O caso levanta discussões importantes sobre limites legais, desenvolvimento rural e a necessidade de mais diálogo entre órgãos de fiscalização e produtores rurais