O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira (23) em um encontro com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, em Moscou, que a Rússia estava pronta para ajudar o povo iraniano e que a agressão contra o Irã era 'infundada'.
Os dois países iriam realizar negociações em busca de uma cooperação após o Irã ser atacado no fim de semana pelos Estados Unidos.
Putin também afirmou que desejava os 'melhores votos' para o líder religioso supremo iraniano, Ali Khamenei.
Araqchi agradeceu à Rússia por condenar as ações contra o Irã e disse que o país estava do lado certo da história.
Também nesta segunda (23), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o ataque dos EUA teria aumentado 'o número de integrantes' no conflito entre Israel e Irã, além de inaugurar uma 'nova espiral de escalada' na região.
Agência de Fordow com sinais de destruição após ataques dos EUA. — Foto: Satellite image ©2025 Maxar Technologies / AFP
Durante reunião nesta segunda-feira (23) no conselho de governadores do órgão de vigilância nuclear da ONU, o chefe da AIEA, Rafael Grossi, fez um apelo para o cessar-fogo no Irã. O objetivo, segundo ele, seria para a agência fazer inspeções nas instalações nucleares iranianas.
A afirmação ocorre após os ataques dos Estados Unidos no fim de semana contra Natanz, Isfahan e Fordow, com mísseis de penetração no solo. Nesta segunda (23) também, Israel realizou novos ataques contra a última usina nuclear.
'Estabelecer os fatos no terreno é um pré-requisito para qualquer acordo, e isso só pode ser feito por meio de inspeções da AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica]. É necessário que haja uma cessação das hostilidades para que as condições de segurança necessárias prevaleçam, para que o Irã possa deixar as equipes da AIEA entrarem nos locais para avaliar a situação'.
Grossi disse que a expectativa é que os ataques americanos do fim de semana tivessem causado 'danos muito significativos' ao local, especialmente pela natureza sensível à vibração das centrífugas.
Apesar disso, ele comentou que não é possível saber as extensões dos danos internamente e dentro do solo.
'Indiquei que qualquer transferência de material nuclear de uma instalação protegida para outro local no Irã deve ser declarada à Agência, conforme exigido pelo Acordo de Salvaguarda do Irã, e expressei minha prontidão para trabalhar com o Irã neste assunto', comentou.
Trump e líder supremo do Irã, Ali Khamenei. — Foto: ALEX WONG / KHAMENEI.IR / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Segundo o governo Donald Trump, os bombardeios atingiram a usina nuclear de Fordow; os prédios e túneis de armazenamento de material enriquecido de Isfahan e a central de combustíveis da usina de Natanz. O Irã informou que havia retirado o material nuclear antes do ataque americano às instalações.
Nesse domingo (22), os Estados Unidos admitiram que não sabem o paradeiro do estoque de urânio do Irã.
No décimo primeiro dia da guerra, novos ataques nas últimas horas atingiram infraestruturas militares iranianas no Oeste do país. Segundo a agência Reuters, seis aeroportos de três regiões diferentes do Irã também foram bombardeados.
No primeiro pronunciamento após os ataques americanos, o líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, disse que o inimigo sionista cometeu um erro grave e um grande crime; e deve ser punido. O governo iraniano reafirmou nesta segunda (23) que vai manter o programa de enriquecimento de urânio.
Nos Estados Unidos, contrariando declarações do próprio gabinete, o presidente Donald Trump sugeriu que está nos planos da Casa Branca mudar o regime de poder no Irã.
A Espanha anunciou nesta segunda-feira (23) que vai pedir à União Europeia o embargo de armas a Israel e a suspensão imediata dos acordos comerciais com Tel Aviv, além de sanções individuais a quem se opõe à solução de dois Estados com a Palestina.
Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU fez uma reunião de emergência, mas não chegou a votar uma resolução sobre o fim imediato do conflito, como queriam países europeus.